© Foto de Pablo Di Boylio. Livros “subversivos” são queimados em plena rua. Chile, 1973.
Esta fotografia tem um significado muito especial para a minha família. Em 1973, logo após o Golpe Militar que derrubou o presidente socialista Salvador Allende, os militares queimaram em plena rua todos os livros considerados “subversivos” que eram apreendidos. O meu pai José Maria Rabêlo, que vivia exilado com a família, havia fundado em Santiago uma rede de livrarias especializada em ciências sociais. Eram seis livrarias ao todo, que vendiam livros provenientes de todas as partes do mundo, principalmente da ex-União Soviética e Cuba. As tropas golpistas invadiram todas às livrarias do meu pai e queimaram tudo. O escritor Julio Cortázar (1914-1984) certa vez escreveu: “cuando la Junta de Pinochet quemó millares de libros en las calles de Santiago, estaba quemando mucho más que papel, mucho más que novelas y poemas; a su siniestra manera quemaba a los lectores de esos libros y a quienes los habían escrito”.