© Acervo da família Rabelo.
A minha irmã Monica e sua turma da Escola Republica de Síria.
Santiago, na segunda metade de década de 1960.
Hoje me deparei com uma crônica do escritor chileno Miguel
De Loyola, atualmente com 60 anos, que estudou na mesma escola que estudamos em
Santiago quando minha família estava exilada no Chile, na metade da década de
1960. Ele era colega de classe da minha irmã Monica. Na crônica ele relembra os
melhores momentos da escola que se chama República de Síria. “Em meados dos
anos sessenta, os filhos dos exilados brasileiros da ditadura de Castelo Branco
vieram para a escola, tornando-se uma atração geral para os estudantes. Sua
forma peculiar de tentar falar espanhol, seus corpos esbeltos, a cor dourada de
sua pele e sua maneira extraordinária de dançar não podiam passar
despercebidas, causando olhares atônitos diante de cada movimento. Eles eram
tão diferentes de nós, muito mais naturais do que os filhos de chilenos da
época. Eram dotados da graça e alegria dos seres que viveram sob a benção de
uma temperatura e um clima sempre agradável para o corpo. Se alguém pedisse a
um ou a alguns deles para cantar ou dançar, eles o faziam sem hesitar”. Fiquei
comovido, porque meus seis irmãos e eu éramos os únicos brasileiros que
estudavam na escola.