segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Memórias de um cronista chileno

© Acervo da família Rabelo.  A minha irmã Monica e sua turma da Escola Republica de Síria. Santiago,  na segunda  metade de década de 1960.


Hoje me deparei com uma crônica do escritor chileno Miguel De Loyola, atualmente com 60 anos, que estudou na mesma escola que estudamos em Santiago quando minha família estava exilada no Chile, na metade da década de 1960. Ele era colega de classe da minha irmã Monica. Na crônica ele relembra os melhores momentos da escola que se chama República de Síria. “Em meados dos anos sessenta, os filhos dos exilados brasileiros da ditadura de Castelo Branco vieram para a escola, tornando-se uma atração geral para os estudantes. Sua forma peculiar de tentar falar espanhol, seus corpos esbeltos, a cor dourada de sua pele e sua maneira extraordinária de dançar não podiam passar despercebidas, causando olhares atônitos diante de cada movimento. Eles eram tão diferentes de nós, muito mais naturais do que os filhos de chilenos da época. Eram dotados da graça e alegria dos seres que viveram sob a benção de uma temperatura e um clima sempre agradável para o corpo. Se alguém pedisse a um ou a alguns deles para cantar ou dançar, eles o faziam sem hesitar”. Fiquei comovido, porque meus seis irmãos e eu éramos os únicos brasileiros que estudavam na escola.